segunda-feira, 5 de março de 2012

São Paulo, a distância e um novo começo.

Catarina tremia, o corpo todo não cessava. Era coisa demais pra cabeça, era emoção transbordando do peito, da boca, dos olhos, dos poros.
Ela tremia e não podia controlar.
Em um dia tudo estava de cabeça pra baixo.
Morte, roubo, medos.
Seu corpo tremia dizendo que estava viva, que ela sim ainda estava ali, parada naquela cozinha feia e suja, tentando explicar o que acontecia. E não conseguia. O queixo batia como britadeira num concreto cinza e duro, as palavras custavam a sair. Ela tremia.
De repente sua cidade era só temor e risco. De repente, sua casa era invadida revirada, de repente seus caminhos eram sombrios, sua família era fragilidade.
Ela não sabia onde estava, estava do outro lado do mundo, com a sensação de derreter, se despedaçar, e não ter em quem se apoiar. E quando sentia que de uma lado podia ir, nada. O que vinha eram reclamações e queixas.
Catarina sentia-se cair aos pedaços, assim como sua terra, seu lar.
É preciso um novo começo.
Sempre um novo começo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário