sexta-feira, 6 de abril de 2012

Em menos de um segundo

Fazia pouco tempo que ela o tinha visto pela última vez, aquela última olhadinha logo antes de desaparecer detrás daquela maldita parede de vidro fosco do aeroporto, segundos atrás... Ela tinha ficado lá, estarrecida, imóvel, sem conseguir acreditar ao certo...
Seus lábios ainda queimavam pelo último beijo que ele lhe deu. Ela queria guardar aquela sensação, prolongar o máximo possível a sensação de sua barba raspando em seu queixo numa estranha caricia. Por isso não se mexia, não se atrevia. Por dentro ela era puro silencio, enquanto o mundo ao redor continuava no seu frenético girar. Ela sentia passar aquela primeira lagrima, como a mais potente cachoeira, destruindo qualquer ultimo rastro de maquiagem que ainda pudesse existir- tentativa em vão de parecer mais bonita.
Como em outro mundo, perdida no interior de si mesma ela lutava consigo para voltar à vida - em vão. Ao longe e aos poucos as vozes do mundo voltavam a surgir, aqueles homens a poucos metros adiante que provavelmente comentavam aquela cena clichê de filme norteamericano... De qualquer maneira ela já não estava lá, apenas podia concentrar-se para não se mover nem um milímetro, ainda não. A poucos metros dela, em algum lugar não tão longe assim, ainda, vagava pelos corredores daquele mesmo aeroporto aquele que pouco antes a abraçou forte e calorosamente, antes de dizer qualquer coisa que tivesse algum significado, mas que a essa altura do campeonato ela já havia esquecido. Três meses e meio... Não podia ser tanto. Não podia ser tão terrível... Pra que o drama?
Secou com o verso da mão esquerda a última lágrima que insistia em cair. Suspirou alto e sem se dar conta mordeu o lábio inferior acreditando ser o dele.
Nem um minuto havia passado ao certo, talvez, e dentro dela um furacão parecia ter devastado aquela sensação de estar completa.
É preciso se recuperar. É preciso respirar, lavar o rosto, dar o passo. Encarar o tempo. Viver.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ando vivendo - 3 de março 2012

Ando vivendo.
Um dia, a gente nem percebe e a vida começou. A gente acorda, faz o que sempre fez, faz coisas novas, vai seguindo o caminho e depois, quando chega o final do dia e se está cansado, a gente apesar das tristezas e alegrias, a gente se sente vivo.
Não precisa de muito, não precisa de nada, a gente vira um ser humano com todas suas comporidades, aquele tipo de gente que quando a gente é criança a gente se espanta e diz que nunca se será. Pois é chega um dia que a gente é assim, e nem se importa. A gente vai seguindo um caminho que a gente traçou no qual a qualquer momento pode-se virar, mudar de direção, mas enquanto se segue se deixa levar...
Eu talvez esteja crescendo, talvez tenha algo a ver com virar adulto, virar alguém, ou o que quer que isso possa querer dizer...
Eu ando vivendo diria. Ora enfrentando os pequenos ventavais do dia a dia, ora me deixando levar pelo curso do rio...
Eu ando vivendo...