segunda-feira, 5 de março de 2012

São Paulo, a distância e um novo começo.

Catarina tremia, o corpo todo não cessava. Era coisa demais pra cabeça, era emoção transbordando do peito, da boca, dos olhos, dos poros.
Ela tremia e não podia controlar.
Em um dia tudo estava de cabeça pra baixo.
Morte, roubo, medos.
Seu corpo tremia dizendo que estava viva, que ela sim ainda estava ali, parada naquela cozinha feia e suja, tentando explicar o que acontecia. E não conseguia. O queixo batia como britadeira num concreto cinza e duro, as palavras custavam a sair. Ela tremia.
De repente sua cidade era só temor e risco. De repente, sua casa era invadida revirada, de repente seus caminhos eram sombrios, sua família era fragilidade.
Ela não sabia onde estava, estava do outro lado do mundo, com a sensação de derreter, se despedaçar, e não ter em quem se apoiar. E quando sentia que de uma lado podia ir, nada. O que vinha eram reclamações e queixas.
Catarina sentia-se cair aos pedaços, assim como sua terra, seu lar.
É preciso um novo começo.
Sempre um novo começo.

sábado, 3 de março de 2012

Quando a solidão entra nos poros...

Quando a solidão entra nos poros, pela ponta dos dedinhos do pé, quando ela sobre pelo corpo inundando o ser de um sentimento único de ser um ponto mínimo da escuridão do universo.
Quando inunda pelos olhos uma chuva sem cor e sem gosto.
Quando os sons da rua ninam o sem sentido sono do corpo.
Eu quero fugir, fugir de dentro de mim, não queria ir longe, apenas na esquina de mim mesma, ir até lá pra ver se me encontro.
Eu escrevo besteiras, digo bobagens,e a cada vez que abro a boca, as coisas sempre pioram.
Eu falo de mim, quase o tempo todo, quando queria tanto ser simplesmente diferente...
Eu me calo nesse instante, apertando um pouco os lábios pra ver se controlo a teimosa lágrima que insiste em assustar os meus cílios,dizendo "olha que caio, olho que caio" como um suicida poderia brincar com a vida...
Eu me calo na minha solidão, eu me calo numa Londres que só eu conheo, porque é a minha, é minha Londres de carros passando na avenida enquanto escrevo isso, de frío nos ossos e na alma, de estranhas casas caindo aos pedaços, de ratos aos quais quase nos acostumamos, de situações que não imaginávamos, e de canais que poetizam o dia a dia, de raríssimos ceus azuis que trazem felicidade, eu queria me encontrr nessa Londres....
Eu queria me encontrr na soliadão também...
Eu queria que dentro de mim um imenso arco íris brilhasse constantemente por um segundo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

PanKada

Para cada passo, um passo.
Para cada suspiro, um sorriso.
Ele vai atirando para os lados, vai andando, cambaleando, correndo, avançando como pode.
Ele vai, não há dúvida.
Sempre em frente, ora diagonalmente em frente, mas avança em uma direção concreta.
Na esquina vira, dá uma chave num cara que passa mal encarado, escreve umas linhas para o próximo best seller dos manos, e não deixa de dar um clique em sua Nikon 50mm, e contar uma daquelas histórias que você fica assim meio que sem saber o quanto é verdade. Mentira não é, nada disso, são só suas mil e uma caras.
Não tem muito o que se dizer, porque no meio da pankadaria não há tempo pra palavras, se reage e age, e é ação principalmente o que conta.
Aliás me conta como é que foi?
Como é que faz?
Me conta como se segue adiante?

Não se conta, se vai.
Não se espante, se planta pra se colher logo mais.

Hoje pankada vira palmas e abraços, vira confraternização. Colher o que se plantou.
Hoje pankada continua longe mas cada dia mais perto. Mais intensamente aqui, sempre!
Um simples parabéns,cheio de orgulho e saudade!